A fuga perfeita...

Hoje é sábado... mais um fim de semana! Mas este fim de semana é diferente... vou passá-lo no minho. Cheguei cá ontem, a Arcos de Valdevez, e já só penso em mil e uma maneiras de escapar deste deserto sufocante, esta prisão familiar que construíram para mim... E porque não libertar-me? Bela pergunta... pergunto-me isso quase todos os dias. Falta-me a energia. Sinto-me apática, adormecida no tempo... ou talvez esteja à espera do momento certo... Momento certo que nunca mais chega... Felicidade e liberdade tardias... Autonomia que nunca chega... Sonhos que se vão desvanecendo à medida que as camadas de personalidade forte que me restam vão sendo descascadas lenta e dolorosamente...

Na cozinha, a minha mãe e a minha irmã discutem sobre isto e aquilo - temas que não interessam a rigorosamente ninguém! O meu pai anda ocupado com o seu famoso rancho folclórico - prepara a catraiada para o raio do desfile carnavalesco municipal (ou qualquer merda do género). Enfim... estou aqui eu, perdida, no meio do monte... em casa dos meus pais... a desejar ser mais parecida com o McGyver ou o James Bond para poder pôr em prática fugas originais e dignas de um filme de acção deste novo milénio (que mal começou).

Quero fugir... da vida real, deste tédio, do frio, da solidão, de tudo... de todos... do mundo... do universo... de mim mesma! Dormir e sonhar... é a única fuga que consigo engendrar e levar às últimas consequências... A fuga perfeita está na criação de um mundo que sonho todas as noites... Resta-me apenas escolher a saída perfeita, através da porta ideal...